Seu primo morreu! (Disse ele, com uma voz normal, nada trêmula.)
Ela logo se entregou à pensamentos que iam bem além da morte.
Se perguntava o que aquele primo mudou em sua vida... Acreditava no espiritismo, e isso a incomodava pela primeira vez.
Era o que era, pelo que seu primo foi para ela. Talvez uma primeira paixão.
Lembrava dos olhos puxados, da pele morena, do corpo magro... Até quando aquilo mexeria com ela?
Ou era o tio alcoólatra e a avó solitária que lhe preocupavam?
Até quando iriam durar?Quando deixariam de existir para ela?
Talvez nunca... Afinal, as lembranças nunca se vão... Experiências se perpetuam.
Nunca iria esquecer os bracinhos roxos e inquietantes buscando a única forma de defesa presente - uma garrafa. No interior a sobra de bebida agora se misturava com o que a força infantil lhe permitiu ferir, na cabeça do monstro de bafo quente. (Bafo que ela admitia certo interesse nas atuais circunstâncias.)
Já no caso da avó... Parecia ser eterna, intocável. Nada parecia abalar aquele bloco. Mas também, o que aconteceria com a queda do bloco?
Seria tudo bem mais caótico, mais feio, triste e frio.
Voltou a pensar no tio, queria afogar aquela gota de álcool em uma poça de sangue.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
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