Há dias estou testando a gravidade!

Hoje estou cansada. Cansada da minha mesmice e do meu sabor.

Querendo me reinventar em cima de algo mal terminado.

Pra sobrar apenas os cacos no final de tudo, para eu não ter que

recontar a história mais uma vez.

Quero vive-la e mastigá-la de uma só vez, sem tempo para anotações

e remendos.

Dessa forma a satisfação me parece mais plena, o perfeccionismo finge

dar uma volta em si mesmo – me dando algum tempo para descobrir

novos sabores de mim mesma.

 

Eis que uma porta se abre e outra se fecha
Uma mão se amarra e a outra liberta
Ao todo apenas um que soma que subtrai...
O colo se retrai
O coração se aperta, o peito se abre
O se ver só se vai, mas por vezes fica a solidão
Fica a plenitude!

A fenda nas costas mostrava a tristeza estampada na carne.

Os sonhos deveriam ter nascido por ali, mas foram abortados, arrancados... Sonhos natimortos!

Ou seriam sonhos suicidas?

O corpo ainda respirava e suspirava a falta que faziam, mas não conseguia distinguir de que espaço haviam se desprendido...

Era agora suplicante de amor... De prazer... De vícios e desejos.

Sem os sonhos suas metas foram diluídas em pequenas feições de auto-súplica, piedade e um pouco de falso amor.

Soltou-se da corda, jogou o corpo para debaixo da terra e prendeu-se as raízes salientes.
Ali, como um casulo, guardou-se do conhecido.

Hoje podaram minhas asas...
Quem sabe amanhã pela manhã elas não brotam??